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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Museu de Mevlana - Konya












Falar de Mevlana Rumi ou Mohammed Jalaladdin, o mais famoso derviche sufista de todos os tempos é algo que me atreverei a fazer, com humildade, e desde já peço licença aos seguidores e conhecedores dessa tradicional e mística ordem sufista Mevlevi para assim fazê-lo.
Mevlana nasceu na cidade de Balk, atualmente parte do Afeganistão por volta de 30 de setembro de 1207. Seu pai era conhecido pelo nome de Sultão Ul Ulema (sultão era a palavra para designar uma pessoa poderosa politicamente, naquela época, ou com muito conhecimento filosófico, que era o caso do pai de Mevlana um importante mestre sufista), Sultão dos Estudantes. A mãe de Mevlana, Mumine Hatun era filha do soberano de Balk. A família de Mevlana foi obrigada a abandonar Balk por ocasião da invasão mongol e se estabeleceu em Karamam, no entanto, após a morte da mãe de Mevlana, o pai solicitou uma nova assignação em uma diferente escola religiosa corânica (madrasa), sendo então designado para a cidade de Konya. Após a morte do pai, Mevlana começou a dar classes na madrasa de Konya, até o dia em que encontrou um sufista independente, conhecido pelo nome de Shams-i Tabrezi. Os dois se identificaram imediatamente como irmãos espirituais e se isolaram em uma cela por 6 meses. Nesse período Mevlana aprendeu, através de Shams, o " llm-i Ledun", um misterioso saber islâmico. Os estudantes de Mevlana não gostaram dessa situação de isolamento de seu mestre, e providenciaram para que Shams deixasse Konya. Quando Mevlana descobriu que Shams havia ido embora ficou muito deprimido e enviou seu filho e aprendiz, Sultan Veled, para que trouxesse Shams novamente para Konya. Veled teve sucesso em sua busca, encontrou Shams em Damasco, e conseguiu traze-lo de volta. Com a volta de Shams a Konya, novamente a sociedade local e seus seguidores ficaram desconformes com a situação, e uma noite Shams foi assassinado e seu corpo foi encontrado em um poço. Após a morte de Shams Mevlana declarou que antes de conhecer Shams ele não era nada, que somente após o encontro com Shams ele se tornou um mestre completo. Com a morte de Shams Mevlana perdeu seu parceiro de conhecimento e amor divino, no entanto, após recobrar-se da perda, Mevlana encontrou novos parceiros, sendo que o último deles, Chalabi Husameddin, foi o que escreveu o Mathnawi, a obra mais conhecida de Mevlana, que consiste em um conjunto de idéias místicas e pensamentos, expressos através de contos co-relacionados. O Mathnawi foi escrito em persa, datado de 1278 (sua cópia original se encontra no Museu de Mevlana). Mevlana morreu em 1273, e foi sepultado junto a seu pai, onde foi construído um mausoleo, conhecido como a cúpula verde. Após a sua morte, o filho Sultão Veled fundou a ordem dos derviches girantes, a ordem Sufi Mevlevi. Mais tarde, Veled foi enterrado lado a lado de seu pai (onde está até hoje), dentro do Museu Mevlana.
A último desejo que Mevlana deixou foi o seguinte:
"Os deixo com um desejo,ocultamente e obviamente, de ter medo de Allah, de comer pouco
de dormir pouco,de falar menos,de ficar em duvida sobre os pecados,de seguir orando e jejuando,de estar longe dos desejos,de resistir as torturas e as penas da sociedade,de não ter relações com pessoas dissimuladas e grosseiras,de estarem juntos de pessoas boas e cheias de graça"
O principal lema de Mevlana, base de sua filosofia consistia na seguinte frase: " Venha quem quer que seja, errante, religioso,amante do conhecimento, não importa, não é desespero nossa caravana, venha mesmo que por mil vezes tenha quebrado o seu voto, venha, venha e mais uma vez venha"
Bom, para terminar esse post comentarei sobre as fotos que tirei, infelizmente só do lado de fora do museu, pois é proibido fotografar o a parte mais linda do museu que é a tumba de Mevlana e do filho Veled. O lugar por si só vale a pena conhecer, e é indescritível a força espiritual que se sente no lugar! É tanta energia espiritual que quando saí do museu tive a sensação de estar muito cansada, de ter andado quilômetros e quilômetros a pé, mas saí feliz e ao mesmo tempo renovada. Vale ressaltar que a ordem sufista Mevlevi é apenas uma das 300 ainda existentes nos dias de hoje.
Foto 1: Domo verde, onde se encontra a tumba de Mevlana e do Filho Sultan Veled
Foto 2: Detalhe da porte de saída do museu, esculpida no estilo Seljúcida da época em que foi construída a tumba.
Foto 3:Fachada do Museu e Tumba
Foto 4: Cemitério Derviche ao lado do Museu
Foto 5: Detalhe da porte de entrada do Museu










2 comentários:

ManDrag disse...

Uma bela história!

Guardo do sufismo a mais doce e terna imagem de dedicação ao Divino e de busca pela excelência de espírito. Os poemas dos místicos sufis são dos mais amorosos e arrebatados que já li.
Inspirado pelo teu relato fui ver e ler mais sobre o Mestre e do que encontrei deixo aqui as palavras que proferiu ao morrer:

"Quando Tu recebes o nosso espírito, a morte é mais doce que açúcar,
Quando estamos Contigo, a morte é mais doce que a mais doce das vidas."

Abraços

Anônimo disse...

Querida amiga, este post foi especial pra mim, aumentou minha curiosidade sobre o Mevlana e seus textos.

Gostei muito de aprender um pouco mais sobre a história dele aqui.

Beijos,

Mari